sexta-feira, 27 de maio de 2011

O lucro da reciclagem

Pequenos projetos em Fortaleza provam que é possível reciclar pneus, óleo de cozinha e entulho, conservar a natureza e movimentar um mercado milionário. Mas falta dos governos e da sociedade item fundamental: consciência

Você sabia que tem gente por aqui que usa raspa de pneu velho e até sobra de fibra de coco para fazer asfalto dos bons? E mais: que tem gente construindo casa arejada com entulho de construção e até produzindo biodiesel a partir do óleo de cozinha? 

Enquanto o mundo exige cada vez mais sustentabilidade e, na crista da onda, o Brasil inicia empreitada para ser uma grande economia verde, em Fortaleza já despontam tímidas ações de reciclagem e reaproveitamento de resíduos que, em grande escala, podem gerar renda, movimentar mercados milionários e, principalmente, evitar a extração de recursos naturais. Mas os consumidores dessas bandas ainda têm relutado em vestir a camisa.

Vender essas ações, claro, moldou-se como fator crucial para a construção de marcas e de força de competitividade, até porque a sociedade consumidora tem exigido isso. De acordo com pesquisa da consultoria Endelman, 81% dos brasileiros mostram-se mais propensos a comprar produtos de marcas que apoiam causas.

Lá fora, algumas das grandes multinacionais já implantaram a meta “zero lixo” em seus negócios. Um exemplo é o da gigante General Motors que, em dezembro de 2010, anunciou que mais da metade de suas 146 indústrias já reciclam 100% do descarte gerado em sua produção.

A Starbucks também prometeu reciclar 100% dos seus copos até 2015. O Walmart investiu no ano passado US$ 1 milhão em pequenos e médios fazendeiros para que eles produzissem de forma sustentável e a Unilever colocou em seus planos reduzir pela metade o impacto ambiental de sua produção até 2020.

No Brasil, 70% das companhias relataram estar sofrendo pressão do governo para desenvolverem iniciativas sustentáveis, mas ainda fazem pouco. Para começar a mudar esse quadro, um conselho formado por lideranças empresariais que juntas são responsáveis por metade do Produto Interno Bruto brasileiro (que, em 2010, foi de R$ 3,675 trilhões) vão auxiliar o Governo Federal a elaborar e implantar ações sustentáveis.

O grupo foi criado pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável junto com o Ministério do Meio Ambiente. Segundo a ministra da pasta, Izabella Teixeira, o Brasil tem vantagens para alcançar o posto de economia verde. “Somos o país com mais vantagens competitivas. Temos várias iniciativas na área de economia verde e uma matriz energética limpa”, disse. Sabe as ideias citadas no começo desta matéria? Elas entram na lista da ministra, mas pouco espaço têm tido para serem ampliadas e constituirem-se como grandes projetos de sustentabilidade. Nas próximas páginas, O POVO vai contar a história de quem está por trás dessas iniciativas.
Luar Maria Brandão 
luar@opovo.com.br

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